Tratamentos

Crosslinking

O que é o Crosslinking da Córnea?

O crosslinking da córnea é um tratamento cirúrgico desenvolvido com o objetivo de aumentar a resistência da córnea, aumentando sua estabilidade e, desta forma, a evolução do ceratocone é retardada ou até mesmo bloqueada por completo.

Quando o crosslinking é indicado?

Para para pacientes portadores das chamadas ectásias corneanas, como ceratocone e degeneração marginal pelúcida, ou ectasias secundárias à cirurgia corneana prévia.

Como funciona o crosslinking?

No ceratocone e outras causas de ectasias, a córnea sofre afinamento e perda de rigidez. Isso resulta em uma área mais abaulada que provoca distorção e turvação das imagens.

O crosslinking consiste na aplicação de uma substância que reage com a luz UVA: a Riboflavina. O procedimento induz a formação de ligações covalentes entre as moléculas, ocasionando um fortalecimento das fibras de colágeno (responsáveis pela sustentação da forma da córnea), reduzindo a chance de progressão do abaulamento corneano, responsável pela baixa da visão. A córnea com fibras de colágeno menos unidas, será mais deformável em comparação com a córnea com fibras de colágeno mais unidas (após crosslinking). Dessa forma, as chances de progressão do ceratocone são diminuídas, retardando e até, muitas vezes, cessando a evolução da ectasia e diminuindo a chance de evolução para casos mais graves e assim, a chance da necessidade futura de um transplante de córnea.

Como é feito o tratamento com crosslinking?

O tratamento é realizado no centro cirúrgico. O olho do paciente é anestesiado com o uso de colírios, a seguir é realizada a remoção do epitélio da córnea (células da superfície corneana). O epitélio deve ser removido para que ocorra a penetração da Riboflavina (Vitamina B2) na córnea. Esta é aplicada através de gotas, por 30 minutos. Procede-se com a aplicação da luz UV-A por 30 minutos. O procedimento dura cerca de 1 hora e termina com a colocação de uma lente de contato terapêutica que servirá como um “curativo” enquanto o epitélio cicatriza, o que leva em torno de 7 dias. Após 7 dias a lente de contato deve ser removida. O paciente utiliza colírios antibióticos por 7 dias e anti-inflamatórios por 1 mês.

Quem pode realizar o tratamento com crosslinking?

Pacientes que apresentem ectasia de córnea e que tenham espessura e curvatura de córnea dentro de certos parâmetros que permitam a realização com segurança do procedimento (espessura da córnea acima de 400 micra e curvatura corneana seja inferior a 70 dioptrias) , que não possuam cicatrizes corneanas centrais, sem história de herpes ocular e que não estejam em fase de gestação.

Qual o paciente ideal para crosslinking?

Ceratocone em progressão (quanto mais jovem o paciente for maior a chance que o seu ceratocone esteja ainda em progressão), resultados melhores em casos iniciais comparados com os ceratocones em fases avançadas.

Essa progressão pode ser avaliada pela mudança no grau dos óculos, pela piora no exame de topografia da córnea ou até pela piora da visão relatada pelo próprio paciente.

O que esperar após a cirurgia?

Até a retirada da lente de contato com cerca de 1 semana de pós-operatório pode haver uma sensação de corpo estranho, ardência, lacrimejamento, dor leve a moderada principalmente nas primeiras 48 horas. Ocorre também uma turvação inicial da visão. A dor, irritação e a baixa da visão ocorrem devido a retirada do epitélio (camada superficial da córnea). A medida que o epitélio vai se reformando gradativamente o desconforto e a turvação visual vão diminuindo. Após o primeiro mês há certa estabilização da visão.

Provavelmente a visão não irá melhorar com o procedimento do crosslinking, e esse não é o objetivo do procedimento. Você continuará precisando usar óculos ou lentes de contato, mas o ceratocone provavelmente não vai progredir e provavelmente seu quadro nunca chegará a estágios avançados. No entanto, alguns pacientes experimentam uma pequena melhora da visão após o tratamento.

Quais são os riscos de se realizar crosslinking?

Os riscos desta cirurgia são mínimos. Entre as complicações que eventualmente podem ocorrer temos: infecção; perda da transparência ou inchaço da córnea; visão dupla ou embaçada; leve ptose (queda) palpebral (temporário); edema (inchaço) ao redor do olho (temporário); Reflexos luminosos (ofuscamento visual). Ainda não existem casos descritos de complicações relacionadas à radiação UV-A, como Catarata ou doenças da retina. A maioria das complicações acima descritas são tratadas e solucionadas. A luz Ultravioleta A com um comprimento de ondas de 370 µm utilizada, não lesa as estruturas internas dos olhos, ao contrário da luz ultravioleta C dos raios solares.